Paulo Ricardo no Prime Rock Brasil

Paulo Ricardo no Prime Rock Brasil.



O Prime Rock Brasil agito a Esplanada do Mineirão no sábado (16/7). O line up de apresentações teve Biquíni, Titãs, Humberto Gessinger, Paula Toller, Dado Villa-Lobos e Marcelo Bonfá tocando Legião Urbana, Capital Inicial e Paulo Ricardo.

O produtor Mac Lovio Solek explica que esse é o conceito que norteia o Prime Rock.

“É um evento dedicado aos clássicos do pop rock brasileiro, com um direcionamento muito bem definido. É diferente de quando você tem um festival mais multifacetado, onde um artista agrada a uma parte do público e outro nome agrada a outra parte. Com esse nosso conceito, a gente sabe que todo mundo que está na plateia gosta de todo mundo que estiver se apresentando no palco”, afirma.
Apaixonado pelo pop rock brasileiro dos anos 1980 desde a infância, ele resolveu trabalhar nessa seara, na qual identificava um potencial grande. “De repente, eu estava tendo a honra de trabalhar com essas bandas das quais eu tinha pôsteres pregados na parede do meu quarto quando eu era criança, adolescente”, diz.

“Além do negócio, aquilo me trazia uma satisfação pessoal muito grande. Eu promovia shows separados, ao longo do ano, de Capital Inicial, Jota Quest, Titãs, Nando Reis, e, sempre ao final, no camarim, todo mundo falava dessa ideia de fazer algo maior, um festival”, relata.

Movido pela percepção de que havia um hiato grande de eventos com esse perfil, ele resolveu criar o Prime Rock. “Era um momento em que já tinha passado a onda dos festivais com esse perfil”, diz, lembrando que o Pop Rock Brasil, promovido pela rádio 98FM, em Belo Horizonte, por exemplo, cumpriu um longo período de existência, de 1983 até 2008. “Mas desde então não teve mais nada”, aponta.

Com o apoio dos próprios artistas com os quais vinha dialogando ao longo dos últimos anos, Solek começou a fechar as agendas e promoveu a primeira edição em 2018. “Ninguém desse meio da produção de eventos acreditava que pudesse dar certo, só eu e os artistas; o pessoal do Jota Quest, o Dinho Ouro Preto, eles foram verdadeiros embaixadores desse festival, porque sempre apostaram na ideia e deram a maior força.”

Paulo Ricardo, encerrou a programação desta edição do Prime Rock em Belo Horizonte com um show que celebra os 35 anos de “Rádio pirata ao vivo”, acredita que a perenidade da produção dos anos 80 também esteja ligada a uma equação que os grupos e artistas da época souberam fazer que aproximou a música brasileira do pop internacional.

Ele cita gêneros como o pós-punk, o industrial, o tecno-pop, o new romantic, e grupos como Depeche Mode, Duran Duran, Bauhaus, The Cure, Joy Division e New Order como referências importantes para o som do RPM e de várias outras bandas daquela geração. “Trouxemos e incorporamos essas informações musicais que foram o embrião de várias tendências que vieram a seguir, o que garantiu a continuidade desse tipo de som”, diz.

Ele destaca que o show comemorativo pelos 35 anos de “Rádio pirata ao vivo” – turnê e álbum detentores de vários recordes, de público e vendas, que até hoje não foram quebrados –  busca ser o mais fiel possível ao que o país acompanhou entre 1985 e 1986.



A turnê que chega agora a Belo Horizonte estreou nos estertores de 2019 e teria seu ápice em 2020, mas o processo foi abortado pela chegada da pandemia. Os shows foram retomados em setembro do ano passado. Paulo Ricardo diz que o público tem tido a oportunidade de reviver – assim como ele próprio tem revivido – o que foi aquele momento de sucesso retumbante do RPM, que debutou com seu primeiro álbum, “Revoluções por minuto”, em 1985 e no mesmo ano foi para a estrada com a bombástica turnê de lançamento.

O músico e compositor lembra que, para completar o repertório daquele show, novas músicas foram compostas e dois covers foram incluídos no roteiro musical – de “Flores astrais”, do Secos & Molhados (em homenagem a Ney Matogrosso, que assinava a produção do show), e “London, London”, de Caetano Veloso, que catapultou o grupo definitivamente para o estrelato.

Música pirateada

“A música não tinha sido lançada, estava só no show, mas foi pirateada e começou a tocar nas rádios das cidades onde nos apresentávamos. No meio da turnê ‘Rádio pirata’, ela chegou ao primeiro lugar das paradas de todo o Brasil, daí tivemos que gravar o disco ao vivo para que houvesse um registro oficial de ‘London, London’. Num espetáculo que se chamava ‘Rádio pirata’, tivemos uma música pirateada que deu origem ao álbum ‘Rádio pirata ao vivo’, um sucesso absurdo e espontâneo”, relembra.


Ele destaca que o show do Prime Rock segue não só o repertório, mas também repete todos os elementos da direção proposta por Ney Matogrosso há pouco mais de três décadas e meia. “Tivemos esse privilégio, de logo na nossa primeira turnê contar com uma superprodução, com a direção do Ney, que é um mestre do palco, já trabalhou como iluminador, contrarregra. Tinha o raio laser, que até aquele momento era coisa de filme de ficção científica. A direção dele continua sóbria, precisa, elegante”, diz.

Resgate de álbuns

Paulo Ricardo aponta que achou pertinente seguir com o show comemorativo de “Rádio pirata ao vivo” depois da pausa provocada pela pandemia não só porque ainda é tempo de celebrar os 35 anos daquele acontecimento marcante, mas também porque o resgate de álbuns icônicos tem sido uma constante entre artistas das mais diversas latitudes.

Ele cita, como exemplos, a turnê que Milton Nascimento fez sobre o álbum “Clube da esquina” e a que o U2 fez com base em “Joshua Tree”. “São formas de trazer esses discos à tona novamente, para um novo público. No meu caso, a turnê foi mais importante, porque foi ela que deu origem ao álbum. Ambos representaram um divisor de águas, com números difíceis de serem batidos”, aponta.


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Paulo Ricardo

A um passo da eternidade